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A escravidão ainda existe

Eu sei que é difícil acreditar que séculos se passaram e a escravidão continue a existir, essa é uma das piores heranças da humanidade.

Os primeiros casos que recentemente chegaram ao conhecimento da população foram os de três consumidoras britânicas que encontraram pedidos de socorro pela suposta exploração de trabalho escravo em etiquetas de roupas da marca Primark. E agora, nos deparamos mais uma vez uma vez com um caso de pessoas trabalhando em condições desumanas, só que no Brasil. No dia 23 de outubro, Sandra Mirando, que mora no Distrito Federal, recebeu um pedido de socorro junto com sua encomenda do site chinês AliExpress. O bilhete foi escrito em inglês e dizia “I slave. Help me” (“Sou escravo, me ajude”).

É difícil de acreditar? É. Mas é um assunto muito complicado e que rende bastante discussão, dá “pano pra manga”. As roupas da C&A, Zara, têm etiquetas “feito na China” e a gente ainda paga caro por elas. O preço que a gente paga só beneficia a empresa brasileira, que importa as coisas mais barato e revende por preços absurdamente caros. Mas, que nos garante que as coisas produzidas aqui no Brasil também não foram produzidas com trabalho escravo? E o comércio brasileiro, também não é exploração? Já viram os horários estipulados para os trabalhadores e os salários ínfimos?

Temos que rever nosso conceito de escravidão. Somente é escravidão a pessoa que está lá produzindo as roupas chinesas ou também os operários explorados nas indústrias brasileiras que estão trabalhando de forma injusta? Não tem como nós consumidores termos essa noção. Mas podemos pesquisar, ficar atento aos noticiários e as políticas institucionais, principalmente aos produtos que consumimos com muita frequência.

Quase todas as coisas que a gente adora comprar aqui é produzido na China e, se a gente for se privar, acaba não comprando nada também. Afinal, comprar faz parte da nossa vida, vivemos num mundo capitalista. Precisamos adquirir bens e serviços para viver. Um produto novo e de uma marca conhecida é o que todo mundo deseja e compra. Mas, quando consumimos certo produto, estamos indiretamente aceitando a forma como ele foi produzido. Por isso eu disse que era complicado, mas existe uma pequena solução: reduzir ao máximo o consumo de coisas supérfluas e passar a comprar de brechós, feirinhas de artesanato, lojas pequenas que produzem suas próprias peças etc.

Não estou dizendo para você virar um artesão e nunca mais comprar roupas chinesas, não é isso. Estou dizendo que devemos consumir menos, pois se consumíssemos menos, não precisaria existir esse tipo de produção que escraviza o homem de todas as formas. Claro que não podemos mudar o mundo sozinhos e conseguir cuidar dessas pessoas. Mas, se cada um tivesse a atitude de mudar ao seu redor, o mundo todo mudaria. É nisso que eu acredito.

Aproveitando quero apresentar um projeto a vocês que idealiza bem essa ideia e se chama “Compro de Quem Faz”.

“Você já pensou na grande diferença entre um produto industrializado e um produto artesanal? Quando compramos de quem faz estamos contribuindo para um modo de vida sustentável. Com menos intermediários, o produto ganha mais valor em todos os processos. Todos ganham, inclusive o consumidor final, que acaba comprando um produto com diversos atributos além da qualidade. O produto pode ser mais natural, mais fresquinho, mais original e até mesmo personalizado. Produtos feitos de forma artesanal tendem a valorizar a mão de obra, as leis trabalhistas e a matéria-prima nacional, fazendo a diferença na vida das pessoas.” Gisa Hangai

2 Comentários

  • D. Nascimento

    Bem, não é a primeira vez que vejo este tipo de pedido de SOCORRO, fico triste em saber que muitas vezes comprei pelo Ebay e financiei este tipo de coisas.
    Sei que não é apenas com roupas, mas deixei de comprá-las em sites chineses … infelizmente fico até de mãos atadas, pois consumo produtos da Zara, H&M, Forever 21, e todas estas marcas estão ou já foram vinculadas a este tipo de crime.
    Tudo no Brasil é tão caro, carga tributária tão alta, que acabamos por comprar em lojas com preços mais justos e convidativos.
    Enfim, parabéns pela postagem.
    Espero que um dia este tipo de crime seja extinto!

    Beijão

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