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Aconteceu Naquele Verão – Doze Histórias de Amor

Aconteceu Naquele Verão – Doze Histórias de Amor
Stephanie Perkins
Editora Intrínseca, 2017
384 páginas

Doze histórias apaixonantes de doze grandes escritores, entre eles Cassandra Clare, Veronica Roth e Stephanie Perkins. Bem-vindos à estação mais ensolarada e apaixonante de todas! No verão, somos todos iguais, diz um dos personagens do conto “Mil maneiras de tudo isso dar errado”. No Brasil, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar do globo, uma coisa é certa: no verão, nossos corações ficam mais leves, mais corajosos, impetuosos e confiantes — talvez por isso esta seja a estação perfeita para se apaixonar… e Aconteceu naquele verão é o livro ideal para quem adora histórias de amor. Mas essa coletânea tem algo ainda mais especial. Algumas histórias têm uma pitada de estranheza, de mistério, um toque sobrenatural. Em “Cabeça, escamas, língua, calda”, a lagoa de uma cidadezinha é morada de um monstro marinho que só uma menina vê. No intrigante “Inércia”, dois grandes amigos há muito afastados vão se encontrar num quarto de hospital para uma última visita. No belo “O mapa das pequenas coisas perfeitas” é sempre dia 4 de agosto. Presos num loop temporal, dois jovens vão comprovar do que a força do amor é capaz. A lição é simples: o amor não escolhe lugar nem hora para surgir. Coloque seus óculos escuros e abra sua cadeira de praia, porque neste verão você terá doze motivos para suspirar e se apaixonar.


Hoje trago uma resenha de um lançamento da Editora Intrínseca! O livro foi recebido na malinha do Turista Literário (clique aqui e configra o unboxing). O livro traz doze contos ambientados no universo jovem adulto, escritos por grandes escritores e organizado por Stephanie Perkins, queridinha de todos nós. Por conta disso fala com propriedade sobre os dilemas típicos da idade: trabalho de férias, drama escolar ou familiar, reencontros e despedidas, erros e recomeços, inseguranças, romances de verão e – meu preferido – amadurecimento. Todo jovem possui um verão que marcou e impactou seu coração, e é exatamente sobre isso que lemos nesses contos apaixonantes, bem-humorados e surpreendentemente reflexivos.

Cada conto, como dito anteriormente, foi escrito por um autor diferente: Leigh Bardugo, Nina Lacour, Libba Bray, Francesca Lia Block, Stephanie Perkins, Tim Federle, Veronica Roth, Jon Skovron, Brandy Colbert, Cassandra Clare, Jennifer E. Smith, e Lev Grossman. Alguns autores eu realmente não conhecia e foi interessante acompanhar a escrita deles! Entre esses contos temos tanto histórias de fantasia (circos itinerantes assombrados por demônios, dragões d’água, filmes amaldiçoados, e até mesmo uma sociedade futurista – que lembro muito Black Mirror), quanto narrativas contemporâneas baseadas exclusivamente na vida real. Mas, independente do conto ter ou não elementos fantásticos, todas trazem uma reflexão. Foi uma surpresa encontrar histórias que falam sobre sexualidade, aceitação, depressão, perdão e até mesmo sobre o autismo (um assunto que me toca muito).

Como são muuitos contos, irei comentar mais sobre os meus favoritos, que foram: “O último suspiro do Cinemorte” (por Libba Bray), “Inércia” (por Veronica Roth), “Mil Maneiras de Tudo isso dar Errado” (por Jennifer E. Smith) e “O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas” (por Lev Grossman).

O último suspiro do Cinemorte – Libba Bray

Esse foi um conto que me pegou de jeito, a começar pela escrita divertida da autora e por sua enorme criatividade. O conto se passa em um cinema especializado em filmes de terror que está prestes a fechar as portas. Para encerrar com chave de ouro, Ando sobre esta terra, uma produção amaldiçoada, é exibida, pondo em risco todos os espectadores, que temerão por suas vidas. No meio disso tudo, Kevin tenta criar coragem para declarar o seu amor para Dani. As coisas no cinema não saem como esperado e Kevin não poderia ter escolhido pior hora para se declarar.

Inércia – Veronica Roth

Veronica Roth tocou em um assunto que todos temos dificuldade em lidar: a morte. Matt sofreu um acidente de trânsito e está prestes a passar por uma cirurgia, porém, as estatísticas médicas preveem que ele não vai sobreviver. Sendo assim, mesmo desacordado, ele tem direito a uma Última Visita, e Claire é chamada para falar com ele. Fazia meses que eles não trocavam uma só palavra e já não eram mais melhores amigos, mas nesse encontro, promovido por uma tecnologia de ponta, finalmente poderão resolver as suas diferenças para que Matt descanse em paz.

“Eu não sabia por quê, mas aquelas palavras tão simples me comoveram do mesmo jeito que a música me comovia. Como se uma agulha tivesse sido enfiada em meu peito, perfurando o coração. Não tentei conter as lágrimas. Em vez de me afastar delas, de todo o sentimento, eu me deixei afundar. Deixei o sofrimento vir à tona.” p. 206

Adorei a criatividade da autora, esse conto é bem Black Mirror. Por meio de medicação, os viajantes são postos para dormir e são transportados para um ambiente, em que as memórias se misturam à realidade, e onde é possível conversar com quem está em coma. Por mais emocionada que eu tenha ficado com essa história, o que mais gostei nela foi o tom de esperança trazido ao texto, pois independente do que está por vir, sempre podemos fazer o nosso melhor hoje.

Mil Maneiras de Tudo isso dar Errado – Jennifer E. Smith

Em Mil Maneiras de Tudo isso dar Errado, conhecemos Annie, uma garota que há tempos sofre de paixonite aguda por Griffin. Até então, ela nunca teve coragem de chamá-lo para sair, pois Griffin nunca deu muita bola a ela, nunca a olhou nos olhos e sempre vinha com uns papos muito cabeça. Mas no dia em que Annie o encontrou no supermercado, ela viu ali a chance de chamá-lo para um encontro que, quem diria, começaria de maneira desastrosa, com ambos tendo que aguardar a mãe do menino autista de quem Annie cuidava (Noah) no acampamento de férias onde ela trabalhava.

Achei maravilhosa a maneira sutil e simples com a qual a Jennifer E. Smith trabalhou o preconceito e a falta de conhecimento acerca do autismo. Como tenho dois priminhos autistas, este conto teve um apelo especial para mim. Achei tocante a preocupação que Annie tinha para com o bem-estar de Noah, e foi lindo de ver o desabrochar do relacionamento dele com Griffin. Para mim, este foi um dos contos mais meigos do exemplar e o final nos mostrou que para o amor não existe o preconceito. Uma história realmente inspiradora.

O mapa das pequenas coisas perfeitas – Lev Grossman

Esse é o último conto do livro, fechando com chave de ouro! Nesta história conhecemos Mark, um adolescente que está preso em um loop temporal em que todos os dias é 4 de agosto. Já faz semanas que ele acorda e realiza sempre as mesmas ações, come seu cereal matinal, joga videogame, vai para a biblioteca ler um livro e, às vezes, dá um pulo na piscina. De início pareceu algo maneiro de se fazer, até se tornar chato por não ter com quem dividir esta situação pirada. Até o dia em que ele encontra Margaret na piscina. Ela não deveria estar lá, e pelo visto ela também enfrentava a mesma situação que Mark.

“Você pode passar a sua vida inteira à espera de momentos perfeitos, mas às vezes é preciso fazê-los acontecer”. p. 381

Sem saber o causador desse loop, muito menos como terminá-lo, os dois mais novos amigos começaram a ocupar o seu tempo de um jeito diferente, procurando momentos perfeitos para assistir e registrar, situações essas que, muitas vezes, ficam perdidas na correria do dia a dia e não são valorizadas devidamente. Em meio a inúmeras reflexões, ambos descobrirão que, algumas vezes, o tempo é capaz de parar para que possamos dar um respiro e aprender a dizer adeus.

Minhas Impressões

Uma coisa importante sobre esse livro é o seu equilíbrio. Em alguns contos temos elementos dolorosos e sombrios que fazem o leitor repensar seus valores e prioridades. Em contra partida, também temos contos mais leves, superficiais e que acabam com um clima de final feliz extremamente adocicado e contagiante – porque sim, clichês são ótimos quando bem escritos. Assim, temos uma obra que une muito bem diversão, amadurecimento e os infinitos recomeços que a juventude garante. Amei o livro do começo ao fim e, mesmo tendo achado alguns contos bem mais ou menos, o fato é que adorei a leitura e indico demais para os fãs de histórias jovens, bem-humoradas e muito tocantes.

Bom, espero que leiam! O livro possui tantas histórias extraordinárias que você tem muitos motivos para ler este livro! Corram lá antes que o verão acabe!

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