Resenha

Resenha: Eu sou o mensageiro

Eu sou o mensageiro
Markus Zusak
Editora Intrínseca, 2012
320 páginas

Venha conhecer Ed Kennedy. Dezenove anos. Um perdedor. Seu emprego: taxista. Sua filiação: um pai morto pela birita e uma mãe amarga, ranzinza. Sua companhia constante: um cachorro fedorento e um punhado de amigos fracassados. Sua missão: algo de muito importante, com o potencial de mudar algumas vidas. Por quê? Determinado por quem? Isso nem ele sabe. Markus Zusak, autor do best-seller A Menina que Roubava Livros, nos fornece essas respostas bem aos poucos neste incomum romance de suspense, escrito antes do seu maior sucesso. O que se sabe é que Ed, um dia, teve a coragem de impedir um assalto a banco. E que, um pouco depois disso, começou a receber cartas anônimas. O conteúdo: invariavelmente, uma carta de baralho, um ou mais endereços e… só. Fazer o que nesses lugares? Procurar quem? Isso ele só saberá se for. Se tentar descobrir. E, com o misto de destemor e resignação dos mais clássicos anti-heróis, daqueles que sabem não ter mesmo nada a perder nesse mundo, é o que ele faz. Ed conhecerá novas pessoas nessa jornada. Conhecerá melhor algumas pessoas nem tão novas assim. Mas, acima de tudo, a sua missão é de autoconhecimento. Ao final dela, ele entenderá melhor seu potencial no mundo e em que consiste ser um mensageiro.

Primeiro, quero agradecer a minha amiga Luana por ter me indicado e emprestado esse livro maravilhoso, que me trouxe fortes emoções e muitas reflexões sobre o nosso potencial e sobre a vida.

No livro, conhecemos Ed Kennedy, um jovem de 19 anos, sem muitas ambições na vida a não ser conquistar sua melhor amiga Audrey, mas até nisso ele está sendo incompetente, já que ela dorme com qualquer cara menos com ele. Ed mora em uma casa alugada com Porteiro, seu cachorro fedorento e viciado em café e não faz mais nada além de trabalhar e jogar cartas com seus amigos.

Contudo, sua vida muda completamente quando, sem querer, impede um assalto a banco e se torna um herói. Mas o que seria um ato extraordinário diante de sua vida pacata, mostra-se como apenas o primeiro teste diante dos futuros acontecimentos, já que ele começa a receber cartas de baralho anônimas com mensagens esquisitas e muitas delas sem sentido nenhum. As cartas de baralho contém informações que o leva até pessoas que de alguma forma precisam de sua ajuda. Porém, apesar de aceitar essa missão, ele ainda quer saber quem está por trás de tudo isso e está determinado a não parar até descobrir o real significado de ser um mensageiro.


A estória de Ed começa como qualquer outra. Logo nas primeiras páginas entramos na vida dele e observamos o quanto ele é preguiçoso e medroso, mas toda essa familiaridade com seu jeito largadão de ser vai desaparecendo quando ele é convocando a realizar coisas dos quais ele nunca imaginou que seria capaz. A cada tarefa que ele recebe, vemos seus medos serem testados, mas o mais legal é que vemos o crescimento dele e o reconhecimento de seu potencial.

“É inegável como a verdade pode ser brutal às vezes. Só dá pra admirá-la. Geralmente passamos a vida acreditando em nós mesmos. “Eu tô bem”, dizemos. “Tá tudo bem”. Mas às vezes a verdade pega no pé e não tem santo que a faça desgrudar. É aí que percebemos que às vezes ele nem chega a ser uma resposta, mas sim uma pergunta. Mesmo agora, estou aqui pensando até que ponto minha vida é convincente.” p. 270

Todas as mensagens do livro nos remetem a um único pensamento. Se nós não lutarmos por nós mesmos, ninguém vai. Se nós queremos ser alguém na vida, ou melhorar a que temos, nós precisamos dar o primeiro passo, e com muita força e responsabilidade, continuar dando os próximos passos. A vida é nossa, portanto a luta e os resultados dela também são.

Quero dar destaque à estrutura do livro. Ele foi escrito seguindo a quantidade de cartas do baralho, ou seja, cada capítulo representa uma carta e cada Ás representa três missões que ele terá que solucionar nos capítulos seguintes que alternam entre curtos e longos. Nessas tarefas, o autor conta estórias curtas sobre os personagens que cruzam o caminho do mensageiro e isso enriquece a trama, pois por trás da narração informal que dá voz ao Ed e aos destinatários dessas mensagens, o leitor é levado a uma revelação maior: ajudar ao próximo é o primeiro passo para ajudar a si mesmo.

Esse com certeza é o melhor livro que li esse ano! O livro foi escrito de maneira perfeita, prendendo a atenção do leitor através da curiosidade de saber quais seriam as próximas mensagens e também por meio das reflexões que nos são proporcionadas. A leitura do livro confirmou o que eu já desconfiava: Markus Zusak é um dos melhores autores contemporâneos.

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