Editora Novo Século,  Rainbow Rowell,  Resenha

Resenha: Fangirl

Fangirl
Rainbow Rowell
Editora Novo Século, 2014
421 páginas

Cath é fã de Simon Snow. Ok, o mundo inteiro é fã de Simon Snow… Mas para Cath, ser fã é sua vida, e ela é muito boa nisso. Ela e sua irmã gêmea, Wren, começaram a série de Simon Snow quando eles eram apenas crianças; foi o que as ajudou suportar o abandono da mãe. Lendo. Relendo. Ficando em fóruns sobre Simon Snow, escrevendo fan fiction sobre Simon Snow, vestir-se como os personagens para cada estréia do filme. A irmã de Cath tem crescido longe do fandom, mas Cath não pode deixar de ir. Ela não quer. Agora que eles estão indo para a faculdade, Wren disse a Cath que ela não quer ser sua companheira de quarto. Cath está por conta própria, completamente fora de sua zona de conforto. Ela tem um companheiro de quarto ranzinza com um encantador namorado que está sempre ao redor, um professor de ficção que pensa fan fiction é o fim do mundo civilizado, um colega bonito, que só quer falar sobre palavras… E ela não pode parar se preocupar com o pai dela, que é amoroso e frágil e nunca ficou realmente sozinho. Para Cath, a pergunta é: ela pode fazer isso? Ela pode seguir sua vida sem Wren segurando a mão dela? Ela está pronta para começar a viver por conta própria? Escrever suas próprias histórias? E ela ainda quer seguir em frente mesmo que isso signifique deixar Simon Snow para trás?

Este foi o primeiro livro que li da Rainbow e finalmente entendi a adoração das pessoas por essa escritora. O livro superou todas as minhas expectativas, é sensacional! A autora conseguiu juntar romance, drama familiar, amizade e auto descoberta para formar uma estória extremamente real que te deixa com um sorriso bobo na cara. Estou realmente apaixonada por esse livro.

Em Fangirl conhecemos Cath. Apaixonada pelos livros do Simon Snow (claramente inspirada em Harry Potter), ela praticamente devota sua vida ao personagem desde criança. Tem camisetas, pôsteres, desenhos, filmes e tudo o mais relacionado a ele. E não é só isso, escreve fanfics de Simon que fazem um grande sucesso. Até que um dia sua irmã gêmea Wren escolheu ir para faculdade, e como boas gêmeas que não se desgrudam, Cath resolveu seguir a irmã. Mas parece que Wren não queria mais continuar tão grudada assim. Defendendo que elas precisam crescer e conhecer pessoas novas, ela se recusou a ser companheira de quarto de Cath, deixando a irmã totalmente perdida em um ambiente para qual não estava preparada.

” – Dividimos o quarto há 18 anos! – Wren argumetnou.” p.11

Cath não estava pronta para enfrentar um lugar desconhecido onde ela não se encaixava, e conviver com Reagan, sua companheira de quarto mal-humorada e seu namorado sorridente e amigável, Levi, que não sai de seu dormitório. Além disso, Cath também não conseguia parar de se preocupar com seu pai que nunca tinha ficado sozinho e que, desde que sua mãe havia ido embora e os abandonado, vivia frágil e sempre suscetível a perder o controle. Mas agora ela não tinha mais escolha, estava presa nessa nova vida e sendo obrigada a encarar essa nova realidade totalmente sozinha, escrevendo fanfics e comendo barrinhas de cerais.

Foi muito interessante acompanhar as fanfics de Cath, pois a Rainbow Rowell teve um cuidado especial de desenvolver essa parte da estória, ao criar essa série imaginária do Simon Snow e incorporando no final de cada capítulo uma passagem dos livros originais ou uma passagem de uma das fanfics escritas pela Cath. Foi impossível não se identificar com Cath, ainda mais quando o assunto é Simon Snow. Afinal, quem nunca ficou louca em relação a uma série de livros, especialmente Harry Potter?

Durante a leitura a gente percebe que o fato de Cath ter sido abandona pela mãe quando era pequena, por ter sempre se apoiado na irmã gêmea e, principalmente, por ter vivido boa parte de sua vida imersa na vida de seus personagens favoritos, ela acabou tendo muita dificuldade de encarar a vida real. Enquanto Wren quer conhecer pessoas novas, Cath fica aterrorizada por elas, tem receio de arriscar em coisas diferentes e não acredita em si mesma e nas suas qualidades. E por mais que isso seja um pouco triste, rende situações divertidas, como viver de barra de cereais por ter medo de entrar sozinha no refeitório.

“Vou ficar tomando decisões zoadas e fazer coisas estranhas que nem reparo que são estranhas. As pessoas vão ter pena de mim e eu nunca vou ter um relacionamento normal; e tudo sempre porque eu nunca tive uma mãe. Sempre. Essa é a pior tipo das quedas. Do tipo do qual ninguém nunca se recupera. Espero que ela se sinta muito mal. Espero que nunca se perdoe.” p.232

Antes que eu acabe contando o livro inteiro nesse post, preciso dar um destaque especial para o Levi. Assim como todos os personagens do livro, ele está longe de ser perfeito, mas não tem como não se apaixonar completamente pelo personagem. Como dizem no livro, ele é a melhor pessoa do mundo e é impossível descordar. Ele é sempre gentil com qualquer um, vive distribuindo sorrisos, é um amigo incrível e é fofo, mil vezes fofo. Só posso dizer que queria muito ter um Levi para mim!

Uma das partes do livro que me surpreendeu foi a forma como a autora conduziu o romance. Ele foi lento, tomando forma no seu tempo certo e foi extremamente condizente com a personalidade insegura da Cath. E amei isso porque eu sentia calafrios no estômago toda cena em que os personagens estavam juntos.

Preciso confessar que me identifiquei muito com a personagem. Vi Cath tentando crescer, criar coragem para encarar o mundo e conhecer a si mesma. Isso é presente na lenta abertura para conhecer novos amigos e a sua dificuldade em acreditar que pode sim escrever estórias próprias, que não se baseiam em um mundo e em personagens já criados por outra pessoa. É bem visível o amadurecimento da personagem durante o livro e foi lindo ver isso acontecendo.

A Rainbow Rowell escreveu uma estória que poderia acontecer comigo, com vocês, com qualquer um! Ela é extremamente real, e carregada de um doçura deliciosa de acompanhar. Ela é simples, divertida, tocante, inspiradora etc. Já disse isso, mas me sinto no dever de repetir de novo e de novo: eu me apaixonei por essa estória.

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