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What makes “you” you?

Fonte: Flickr

Sempre é difícil falar sobre nós mesmos… Já percebeu o quanto é complicado quando temos que responder a simples pergunta “Quem é você?”, imagine responder “O que faz “você” ser você?”

Quando você diz a palavra “eu”, você sabe claramente o que significado. É uma das únicas certezas que você tem em todo o mundo, é algo que você sabe desde que tinha apenas um ano de idade. Mas quando você se questiona sobre quem você é, e tenta descobrir o que faz você ser você, aí as coisas começam a ficar complicadas…

Quando alguém pergunta quem sou eu, eu digo “Eu sou Carla Vieira, tenho 16 anos e amo doces”, porém eu não acho que pode ser tão simples assim, não sou apenas um nome, muito menos um número, isso não faz parte da minha verdadeira essência, da minha verdadeira identidade. Então o que eu sou?

Somos a nossa personalidade?

Algumas pessoas dizem que somos a nossa personalidade. Personalidade pode ser definida como um padrão da forma que temos de pensar, sentir e se comportar. E como seres humanos, temos a tendência de acreditar nisso e de pensar em nossa personalidade como algo concreto e tangível, algo que existe “lá fora” no mundo real e que, portanto, estende-se ao longo do tempo. No entanto, é possível que a personalidade seja nada mais do que um produto de nossas mentes, apenas um conceito conveniente que nos permite relacionar o nosso presente com o nosso passado e futuro.

O que é preciso para uma pessoa já não ser mais ela mesma?

Mas e se formos um pouco mais fundo? O que é ‘uma pessoa’ e, mais precisamente, o que é preciso para uma pessoa já não ser mais ela mesma? Em um momento estamos tristes, no outro bravos e em outro felizes, então quem é a verdadeira Carla? A Carla feliz, triste ou com raiva? Todos nós estamos em constante transformação, não somos a mesma pessoa em todos os momentos, por isso é tão difícil nos definirmos, é quase impossível. Você é a mesma pessoa que você era há um minuto, um dia, um ano ou dez anos? Se assim for, o que você tem em comum com a pessoa que você era há dez anos?

O que te torna uma pessoa?

De acordo com o filósofo Inglês John Locke, um ser é algo que tem “pensamento, razão e reflexão, e que pode pensar sobre si mesmo em diferentes tempos e lugares”, você é uma pessoa, porque você pode pensar sobre si mesmo no passado, no futuro e em uma variedade de lugares diferentes: “em abril eu poderia ir passar as férias na China”, “ano passado fui para o Rio de Janeiro” etc.

Se uma pessoa é “um ser mental que pode pensar em si mesmo em diferentes tempos”, o que faz com que ela consiga fazer isso? Será que é o seu corpo, seu cérebro, sua alma? Imagine que uma pessoa tenha um grave acidente que a deixe em coma. Seu corpo ainda está vivo, mas ela não está mais consciente de si mesma, nem pode ser ela mesma novamente. Mas então, ela ainda é uma pessoa? Se não, então seu corpo não pode ser o que te torna uma pessoa? Viu, como é complicado?

Eu sou as minhas experiências

Há algum tempo eu decidi que sou a soma de todas minhas experiências, sejam elas boas ou más, são elas que me fazem ser única, se não fossem os meus sofrimentos eu não seria tão forte assim, seria totalmente diferente. Já parou para pensar que são as suas experiências que determinam a sua visão da realidade? Pense que cada pessoa tem suas experiências (suas lentes) e sua forma de enxergar o mundo. Nós vemos o mundo através das nossas lentes, das nossas experiências, por isso existem tantas perspectivas diferentes.

Você é os brinquedos que brincou, as gírias que usava, você é os nervos à flor da pele no vestibular, os segredos que guardou, você é sua praia preferida, Garopaba, Maresias, Ipanema, você é o renascido depois do acidente que escapou, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai, você é o que você lembra.

Você é a saudade que sente da sua mãe, o sonho desfeito quase no altar, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora.

Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, você é o pêlo do braço que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, você é as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junta, você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, você é o que você desnuda.

Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, você é o desprezo pelo o que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá, você é aquele que rema, que cansado não desiste, você é a indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta, você é o que você queima.

Você é aquilo que reivindica, o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta, você é os direitos que tem, os deveres que se obriga, você é a estrada por onde corre atrás, serpenteia, atalha, busca, você é o que você pleiteia.

Você não é só o que come e o que veste. Você é o que você requer, recruta, rabisca, traga, goza e lê. Você é o que ninguém vê.

Martha Medeiros

Esse texto resume muito bem o que penso, sobre sermos as nossas experiências. Mas e você, o que você acha sobre o assunto? Concorda comigo? Deixe sua opinião nos comentários!

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